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Simposio «Subjetividades, identidades laborais e saúde mental em tempos de pandemia: experiências de Brasil, Chile, Colômbia e Moçambique»

O objetivo deste simpósio é discutir os impactos subjetivos e na saúde mental de quem trabalha provocados pela pandemia de covid-19, considerando as experiências vivenciadas no Chile, Colômbia, Moçambique e Brasil. A pandemia de covid-19 provocou transformações significativas nos modos de trabalhar, entre as quais, destaca-se a redefinição das relações entre espaço e tempo, levando à expansão do trabalho para outras esferas da vida, sobretudo a pessoal e familiar. Tal fato observado tanto no que concerne ao trabalho remoto, trazido pelo isolamento físico, quanto do trabalho presencial, impactado pela exposição aos riscos relacionados à pandemia. Também provocou efeitos de ordem econômica e social, com aumento de desemprego e maior precarização do trabalho, já fragilizado pela corrosão dos direitos dos trabalhadores observada nos últimos anos. O uso massivo da tecnologia, enquanto instrumento de trabalho, de educação, na telesaúde e como forma de relacionamento pessoal também mostrou-se como efeito importante da pandemia de covid-19, criando novas estratégias de gestão do trabalho [M2] que mobilizaram formas tradicionais de controle, agora operadas através de tecnologias digitais e de redes sociais. Do mesmo modo, o risco do adoecimento trazido pela pandemia, assim como as vivências de morte que tomavam os cotidianos de vida neste momento, marcaram com incerteza os modos de pensar o futuro e de planejar a vida coletiva. O excesso de trabalho, metas superestimadas, a ameaça do desemprego e o trabalho precário produziram efeitos na subjetividade de quem trabalha, conformando um ambiente de risco para a saúde mental,, tanto no âmbito do trabalho remoto quanto presencial. Tais fatores, inscritos em contextos políticos e econômicos que poderiam (ou não) estar sensíveis às modulações de pandemia. Estes fatores provocaram importantes impactos na saúde de quem trabalha, trazendo à tona riscos de adoecimento, incluindo o âmbito da saúde mental. O Sul do mundo, representado pela América Latina e continente Africano experimentaram os impactos da pandemia de forma distinta, aguçando velhos problemas trazidos pelas desigualdades econômicas e sociais históricas e constitutivas dos países que os compõem. Neste simpósio, busca-se, justamente, colocar tais experiências em perspectiva, pensando alternativas e modos de enfrentamento dos impactos da pandemia no trabalho e na vida de quem trabalha nestes países, com suas peculiaridades nos modos de exercício do poder e da produção de resistências e das transversalidades, que criam identidades e agendas comuns.